Lição 03 - A oração eficaz


Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou por terra, e meteu o seu rosto entre os seus joelhos. E disse ao seu moço: Sobe agora e olha para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada. Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem, subindo do mar. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe. E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel”. 1 Reis 18.42-45

     A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor. Além de palavras como “oração” e “orar”, essa atividade é descrita como invocar a Deus (Salmo 17.6). Invocar o nome do Senhor (Gênesis 4.26), clamar ao Senhor (Salmo 3.4), levantar nossa alma ao Senhor (Salmo 25.1), buscar ao Senhor (Isaías 55.6), aproximar-se do trono da graça com confiança (Hebreus 4.16) e chegar perto de Deus (Hebreus 10.22).

1. Motivos para a oração

A Bíblia apresenta motivos claros para o povo de Deus orar.

1.1.     Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore. O mandamento para orarmos vem através dos salmistas (1 Crônicas 16.11; Salmo 105.4), dos profetas (Isaías 55.6; Amós 5.4,6), dos apóstolos (Efésios 6.17,18; Colossenses 4.2; 1 Tessalonicenses 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mateus 26.41; Lucas 18.1; João 16.24). Deus aspira à comunhão conosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.

1.2.            A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lucas 11.5-13). Por isso, depois da ascensão de Jesus, seus seguidores reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (Atos 1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (Atos 1.8) no dia de Pentecostes (Atos 2.1-4). Quando os apóstolos se reuniram após serem libertos da prisão pelas autoridades judaicas, oraram fervorosamente para o Espírito Santo lhes conceder ousadia e autoridade divina para falarem a palavra dEle. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (Atos 4.31). O apóstolo Paulo frequentemente pedia oração em seu próprio favor, sabendo que a sua obra não prosperaria se os crentes não orassem por ele (Romanos 15.30-32; 2 Coríntios 1.11; Efésios 6.18, 20; Filipenses 1.19; Colossenses 4.3,4). Tiago declara inequivocamente que o crente pode receber a cura física em resposta à “oração da fé” (Tiago 5.14,15).

1.3.            Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus se limita às orações santas, de fé e incessantes do seu povo. Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração intercessora dos crentes (ver Êxodo 33.11). Por exemplo: Deus quer enviar obreiros para evangelizar. Cristo ensina que tal obra não será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de Deus sem as orações do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mateus 9.38). Noutras palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus propósitos é liberado somente através das orações contritas do seu povo em favor do seu reino. Se não orarmos, poderemos até mesmo estorvar a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja coletivamente.

2. Requisitos da oração eficaz. 

Nossa oração para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.

2.1.     Nossas orações não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira. Jesus declarou abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Marcos 11.24). Ao pai de um menino endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é possível ao que crê” (Marcos 9.23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hebreus 10.22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tiago 1.6; cf. 5.15).

2.2.           Além disso, a oração deve ser feita em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio ao dizer: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (João 14.13,14). Nossas orações devem ser feitas em harmonia com a pessoa, caráter e vontade de nosso Senhor (ver João 14.13).

2.3.           A oração só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 João 5.14). Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mateus 6.10; Lucas 11.2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mateus 26.42). Em muitos casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele nos revelou-a na Bíblia. Podemos ter certeza que será eficaz toda oração realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18.1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18.21-24).

2.4.         Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que pedimos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e sua justiça (ver Mateus 6.33). O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1 João 3.22). Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às orações. Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida reta, obediente e temente a Deus — tal qual o profeta Elias (Tiago 5.16-18; Salmos 34.13,14). O Antigo Testamento acentua este mesmo ensino. Deus tornou claro que as orações de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senhor e da sua lealdade a Ele (ver Êxodo 33.17). Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas orações (Salmos 66.18; ver Tiago 4.5 nota). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as orações dos israelitas idólatras e ímpios (Isaías 1.15). Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2 Crônicas 7.14; cf. 6.36-39; Lucas 18.14). Note que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êxodo 26.33).

2.5.    Finalmente, para uma oração eficaz, precisamos ser perseverantes. É essa a lição principal da parábola da viúva importuna (Lucas 18.1-7; ver 18.1). A instrução de Jesus: “Pedi... buscai... batei”, ensina a perseverança na oração (ver Mateus 7.7,8). O apóstolo Paulo também nos exorta à perseverança na oração (Cl 4.2 nota; 1Ts 5.17). Os santos do Antigo Testamento também reconheciam esse princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em oração com suas mãos erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êxodo 17.11). Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em oração até a chuva começar a cair (Êxodo 18.41-45). Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Sarepta, até que sua oração foi atendida (Êxodo 17.17-23).

3. Princípios Bíblicos para a oração eficaz.

1.1.    Quais são os princípios da oração eficaz? 

- Para orarmos com eficácia, devemos louvar e adorar a Deus com sinceridade (Salmos 150; Atos 2.47; Romanos 15.11).
- Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a ação de graças a Deus (Salmos 100.4; Mateus 11.25,26; Filipenses 4.6). 
- A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à oração da fé (Tiago 5.15,16; Salmos 51; Lucas 18.13; 1Jo 1.9). 
- Deus também nos ensina a pedir de acordo com as nossas necessidades, segundo está escrito em Tiago: deixamos de receber as coisas de que precisamos, ou porque não pedimos, ou porque pedimos com motivos injustos (Tiago 4.2,3; Salmos 27.7-12; Mateus 7.7-11; Filipenses 4.6). 
- Devemos orar de coração pelos outros, especialmente oração intercessória (Números 14.13-19; Salmos 122.6-9; Lucas 22.31,32; 23.34).

3.2.    Como devemos orar? 

Jesus acentua a sinceridade do nosso coração, pois não somos atendidos na oração simplesmente pelo nosso falar de modo vazio (Mateus 6.7). Podemos orar em silêncio (1 Samuel 1.13) ou em voz alta (Neemias 9.4; Ezequiel 11.13). Podemos orar com nossas próprias palavras, ou usando palavras diretas das Escrituras. Podemos orar com a nossa mente, ou podemos orar através do Espírito (1 Coríntios 14.14-18). Podemos até mesmo orar através de gemidos, sem usar qualquer palavra humana (Romanos 8.26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos inaudíveis. Ainda outro método de orar é cantar ao Senhor (Salmos 92.1,2; Efésios 5.19,20; Colossenses 3.16). A oração profunda ao Senhor será, às vezes, acompanhada de jejum (Esdras 8.21; Neemias 1.4; Daniel 9.3,4; Lucas 2.37; Atos 14.23; ver Mateus 6.16).

4. Exemplos de oração eficaz. 

A Bíblia está cheia de exemplos de orações que foram poderosas e eficazes. 

4.1.   Moisés fez numerosas orações intercessórias às quais Deus atendeu, mesmo depois de Ele dizer a Moisés que ia proceder de outra maneira.
4.2.  Sansão, arrependido, orou pedindo uma última oportunidade de cumprir sua missão máxima de derrotar os filisteus; Deus atendeu essa oração ao lhe dar forças suficientes para derrubar as colunas do prédio onde os inimigos estavam exaltando o poder dos seus deuses (Juízes 16.21-30). 
4.3.   Deus respondeu às orações de Elias em pelo menos quatro grandes ocasiões; em todas elas redundaram em glória ao Deus de Israel (17-18; Tiago 5.17,18). 
4.4.  O rei Ezequias adoeceu e Isaías lhe declarou que morreria (2 Reis 20.1; Isaías 38.1). Ezequias, reconhecendo que sua vida e obra estavam incompletas, virou o rosto para a parede e orou intensamente a Deus para que prolongasse sua vida. Deus mandou Isaías retornar a Ezequias para garantir a cura e mais quinze anos de vida (2 Reis 20.2-6; Isaías 38.2-6). 
4.5.   Não há dúvida de que Daniel orou ao Senhor na cova dos leões, pedindo para não ser devorado por eles, e Deus atendeu o seu pedido (Daniel 6.10,16-22).
4.6  Os cristãos primitivos oraram incessantemente a Deus pela libertação de Pedro da prisão, e Deus enviou um anjo para libertá-lo (Atos 12.3-11; cf. 12.5 nota). Tais exemplos devem fortalecer a nossa fé e encher-nos de disposição para orarmos de modo eficaz, segundo os princípios delineados na Bíblia.

Por: Ministério Vivos!